Pode usar pentes de memória RAM de tamanhos diferentes? | Dicas Mix MarcasPostado: 13/07/2023 | Categoria: Pode usar pentes de memória RAM de tamanhos diferentes?

Tempo de leitura: 9 min | Clique aqui para se cadastrar na Mix Marcas

Pode usar pentes de memória RAM de tamanhos diferentes? | Dicas Mix Marcas

É comum, depois de algum tempo com um computador, sentirmos a necessidade de um upgrade na memória RAM – ou até mesmo antes, caso compremos uma versão mais básica, que muitas vezes só vem com um módulo de memória ram.

No entanto, nem sempre temos dinheiro para comprar dois pentes de memória ram iguais e acabamos fazendo o upgrade por etapas, mesclando memórias de marcas, frequências e capacidades diferentes, muitas vezes.

Surge então o questionamento: isso gera algum problema? Dois pentes de memória RAM diferentes geram prejuízos ou benefícios para a máquina? De que forma? É o que vamos responder neste artigo. Vamos ver?

Usar memórias RAM diferentes é possível?

Usar pentes de memória RAM de marcas, capacidades e frequências diferentes é possível, pois praticamente todas as marcas de componentes seguem os mesmos parâmetros.

O JEDEC (Joint Electron Device Engineering Council), entidade de parametrização de engenharia eletrônica, conta com a participação de todos os grandes fabricantes de componentes para computadores do mundo e garante que todos usem as mesmas especificações de fabricação.

Então, sim, duas memórias de marcas diferentes podem ser usadas na mesma máquina da mesma forma que o processador, a placa mãe e a memória de um mesmo computador podem ser de fabricantes diferentes.

Porém, embora o uso de pentes de memória RAM de marcas e frequências diferentes seja possível, ele não é recomendável, pois pode gerar alguns prejuízos no desempenho da máquina e até mesmo crash de alguns processos. Vamos entender mais sobre isso!

Ranks diferentes não trabalham em sincronia

O principal problema do uso de memórias de marcas diferentes é em relação ao rank. Explicamos: a memória se comunica com os outros componentes através de comandos que podem ser feitos em um rank, dois ou quatro, por exemplo.

Se uma memória RAM tem rank 1, precisa de apenas um comando para concluir um carregamento de 64 bits; um pente de memória de rank 2 precisa de dois, e assim por diante. Quando se tem dois pentes de mesmo rank juntos, o processador se comunicará com elas em sistema de Dual Channel, o que torna o desempenho muito melhor.

Dual Channel é quando o processador se comunica com dois canais de memória simultaneamente; as memórias acabam literalmente trabalhando juntas e a largura de dados do barramento dobra, gerando uma grande melhoria de desempenho. Esse é o caso dos gamer desks e gamer notes da NAVE, que possuem dois ou quatro slots com suporte a Dual Channel em todas as máquinas.

Se as memórias têm ranks diferentes, o Dual Channel não será realizado, pois um pente precisará de mais comandos que o outro, não podendo, portanto, trabalhar em sincronia com ele.

Assim, acaba havendo uma evidente perda de velocidade das operações e menor eficiência de consumo energético.

Timing, capacidade e frequência influenciam
O problema de compatibilidade entre pentes de memória RAM diferentes não tem haver apenas com o rank, outras características também podem impactar no desempenho da máquina.

Ocorre que a relação do processador com a memória acaba sendo pautada nos parâmetros da RAM de “pior” desempenho, ou seja, os pentes “melhores” acabam não tendo sua capacidade inteiramente explorada.

Isso acontece porque, funcionando com pentes de memória com parâmetros de trabalho diferentes, os processos podem não ser estáveis, visto que existe uma falta de sincronia de trabalho entre um componente e outro.

Assim, o sistema, para rodar de forma estável, acaba trabalhando no nível do “pior” componente para que os outros o acompanhem e não haja discrepâncias de resposta entre um pente de memória e outro.

Não adianta acessar a BIOS e alterar os parâmetros de atuação do equipamento; o sistema sempre entenderá que “nivelar por baixo” é a maneira mais segura de fazer seu trabalho.

É importante lembrar, no entanto, que a perda de desempenho tem a ver com a dependência maior ou menor que o sistema possa ter da memória RAM. Há alguns processadores que dependem menos da memória e entregam um desempenho um pouco melhor do que outros, mesmo trabalhando com pentes de RAM diferentes.

Desempenho e estabilidade

Trazendo a questão do desempenho para a prática, o fato é que os tempos de escrita, leitura e latência (delay que o equipamento leva para dar a resposta) vão piorando quanto maior for a diferença entre os pentes de memória utilizados na máquina.

Isso pode não se refletir de maneira muito visível na operação de diversos programas, o que leva um usuário leigo ou desatento a achar que nenhum problema está acontecendo. No entanto, existem alguns programas que podem apresentar perdas de desempenho bem mais evidentes.

Ainda que a queda de performance possa atrapalhar alguns programas e tarefas, o grande problema de combinar pentes de memória RAM com especificações diferentes não é o desempenho e sim a estabilidade.

Isso ocorre pois, mesmo com a busca do sistema por um padrão estável de operação, em pentes de memória muito diferentes – ou em configurações que envolvam três, quatro pentes distintos entre si – esse objetivo pode não ser atingido.

Quanto maior a variedade de configurações de memória numa máquina, mais difícil será para o sistema trabalhar de forma estável e maior será a chance de ocorrer crash num processo, levando ao fechamento repentino de um programa ou até mesmo a uma tela azul.

Então, embora seja possível, o uso de pentes de memória RAM com especificações e marcas diferentes, numa mesma máquina não é recomendável, principalmente se forem características muito distintas entre si.

A melhor opção é usar pentes idênticos; se não for possível, busque pentes com características parecidas. A alternativa ruim é ter um slot vazio, pois não ter o poder de fogo de RAM que você precisa é pior do que tê-lo sem a estabilidade ideal.